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Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

07.08.24

Vão dar banho ao cão


a. almeida

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A Cascata de Várzeas situa-se no rio Arado, no sítio de Fecha de Barjas, do lugar da Ermida, em Vilar da Veiga, maior freguesia do concelho de Terras de Bouro, em pleno Parque da Peneda-Gerês, sendo conhecida como cascata do Tahiti por ali, há uns bons anos, ter sido filmado um anúncio publicitária a um champô com o mesmo nome, em que uma beldade tomava um delicioso e refrescante banho sob a cascata.

De tão popular que é o local, querem agora ali construir mais um pingarelho artificial, tipo miradouro, provavelmente para os fotógrafos fazerem uns zooms sobre quem toma banho. 

A justificação dos responsáveis será a questão da segurança, já que têm sido muitos e graves os acidentes, ignorando as opiniões de quem percebe da poda, como o Rui Barbosa, montanhista e guia e profundo conhecedor do parque, que afirma que a questão de segurança não se prende com a observação da cascata mas ao nível do leito da ribeira e sobretudo na parte de cima, nos poços junto aos moinhos, por baixo da ponte. Já estive no local mas já por me parecer perigoso, não passei da ponte e do que por ali se via. Mas a maioria não resiste a arriscar-se até à cascata.

De resto, aqui há algum tempo, um proprietário esperto ali construiu um passadiço que facilitava o acesso ao sítio e que cobrava 1 euro por pessoa, com a vantagem de que de algum modo reduziu os probelmas de segurança no acesso, mas que foi removido pelas autoridades e vedado o local.

Em resumo, mesmo com várias pessoas e entidades contrárias a esse miradouro artificial, e com o assunto a ganhar destaque na imprensa, não custa a acreditar que a coisa irá mesmo ser concretizada. De resto é típico e na onda desmesurada de construção de passadiços, miradouros e baloiços que vai grassando um pouco por todo o lado, do norte ao sul e ilhas.

Especialistas que somos na atabalhoada transição do 8 para o 80, esta pretensão só surpreende quem ainda não sabe do que a casa gasta.

06.08.24

No reino do ilusório


a. almeida

Como já não sou rapaz a ir para novo, creio, sem certeza, que já o escrevi por aqui ou em qualquer outro lado, que frequentemente passo os olhos pelos "postais do dia" do Luís Osório e assinaria por baixo muitos deles, mas de outros tantos, nem por isso. De resto, nada demais, pois era só o que faltava que andássemos todos alinhados a marchar de passo certo como naquelas paradas de tropas em países miltares e militarizados.

Do que tenho lido do Luís Osório - LO -, e será só impressão minha, tem escrito muito de elogios e outros panegíricos a certas personalidades, essencialmente figuras mais ou menos públicas, incluindo malta do desporto e a alguns e a algumas que por estes dias andam por Paris, ainda sem grandes feitos, à espera dos saltos do  atleta mais português de Cuba, para uma medalha de ouro, mas seguramente ciosos dos seus papéis.

Ora o LO vê e acha virtude em tudo e mais alguma coisa, e até o fracasso, a derrota, o azar ou a falta de sorte, são motivo de bem dizer e de exaltação. Antes dizer bem que mal, até porque bem sabe que pelas redes sociais basta uma frase mais bicuda para se ter à perna a cachorrada dos bons costumes, com as matracas bem abertas e dentes afiados. Por conseguinte, mesmo que sem grandes motivos, uma ensaboadela a mais no lombo ou uma camada de graxa suplementar no sapato, não faz mal algum. E quem não gosta que lhe passem a mão pelo pelo?

Mas, em boa verdade, o Luís Osório sabe que é assim que a coisa funciona, que ganha clientela, porque isto de falar bem e escrever melhor sobre pessoas anónimas, a coisa não resulta porque ninguém as conhece. Logo exaltar os feitos de um pedreiro, de um trolha, de um funcionário que nos recolhe o lixo à porta, do coveiro, do mineiro ou o agricultor, o que nos planta e fornece batatas, cenouras e tomates, é coisa que não conta para o totobola do mediatismo, porque a plateia não sabe se há-de apostar numa vitória ou derrota de caras ou se, pelo sim, pelo não, usar uma dupla ou tripla.

Ora estes anónimos, tantos e bons portugueses, que ajudam este país a andar para a frente, a edificar casas e famílias, com esforço, dedicação, até mesmo com puro altruísmo e exercício cívico e de cidadania, esses não constam nos postais do dia dos osórios, não merecem elogios fáceis de um primeiro-ministro ou de outros governantes nem são recebidos ou medalhados em Belém. Esses não são fotogénicos nem acrescentam valor a quem lhes reconhece valor. Perda de tempo! O país precisa é de malta a correr, a saltar, mais rápido, mais alto, mais forte! Esses sim, é que são o sumo da nação! Vale mais um triplo salto mostrado pela televisão que os milhares de saltos, sobre barreiras e obstáculos que são necessários para o dia-a-dia do povo a levar o país para a frente.

Posto isto, este é um mundo cão, ou gato, onde uns, bem lustrados pela graxa social e institucional, comem e são presenteados com whiskas de primeira qualidade, servidas em gamelas prateadas ou mesmo douradas. Os demais, o grosso da cãozoada do canil, esses passam ao lado e são apenas a massa lubrificante que agiliza a engrenagem, o motor da nação. Mas quem é que quer sujar-se com lubrificantes?

01.08.24

Marraquexe, não me aquexe nem arrefexe


a. almeida

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A olhómetro, ocupará 1/12 avos da primeira página do JN, Jornal de Notícias, dizem que dos mais lidos por cá. Deve ser para contrapor às mortes nas ferrovias e às lutas nas ruas da Venezuela. Os moradores em Barcelos, que há 18 anos desesperam por obras estruturais, esses ficam-se por três curtas linhas na capa, mesmo que logo acima dos esvoaçantes cabelos da Catarina. É de se ficar pelos cabelos...

Mas é justo, porque de facto são destas notícias que o país precisa, e logo na capa, o saber que a sempre jovem Catarina não se furta a render-se aos encantos de Marraquexe e que mesmo de férias (também eu queria) demonstra elegância, seja lá o que isso queira dizer.

E pronto! Também eu dediquei não 1/12 avos à bela Catarina mas o post inteiro. Mas é de justiça pois não fora a importância destas coisas e como é que haveríamos de passar o tempo de forma saudável, elevar o nosso nível de cultura ou saber da vidinha das outras pessoas?

Pelo menos deu-me azo a criar as tags "merdices" e "pingarelhices".

Obrigado JN! Um dia destes, a visitar a minha tia, procurarei ir a Marrocos, e quem sabe se também me renderei aos seus encantos, quiçá aos de uma bonita e elegante marraquexeana.

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