29.10.25
Academia de polícia - Anões, coxos e cegos
a. almeida
Há falta de efectivos na polícia. Não há candidatos que cubram as necessidades, mesmo que por baixo. Para facilitar, alargou-se a malha da rede da exigência para o recrutamento. Alguns parâmetros foram alterados, com a idade limite a ser ampliada de 30 para 35 anos e a altura mínima de 1,65 metros para homens e 1,60 para mulheres, caíu. Significa que não faltará muito para os candidatos poderem ser anões, coxos, cegos e idosos. Nunca foi tão fácil entrar para a polícia e já não se pede nem se espera qualidade,. Não obstantem mesmo assim há escassez. Por que será?
Concerteza que os motivos que concorrem para o desinteresse serão vários, desde logo salariais, de condições de trabalho, de mobilidade, seguros, carreira, etc, mas também pelo descrédito a que a classe tem sido votada, com notória perda de autoridade e da debilidade nas formas como a pode excercer.
Resulta daqui que uma arma de fogo é um mero pingarelho decorativo. Um agente que ouse usar da arma tem no mínimo um inquérito às costas, acções disciplinares, etc. Muito provavelmente terá suspensão e até prisão.
O caso em julgamento do agente acusado pela morte do Odaír Moniz, no pacífico bairro da Cova da Moura, é um exemplo prático. A Justiça julgará, concerteza, mas pelo andamento da carruagem parece claro que, mais pancada menos pancada, o agente será condenado a prisão efectiva, como outros no passado. O contexto muito específico, desde logo o facto da vítima ter desrespeitado uma ordem de paragem, ter fugido e, depois de parado, assumido uma posição de ameaça e oposição à detenção, com agressões aos agentes, pouco ou nada valerá para a Justiça. Esta, no geral, releva o crime e o criminoso em detrimento de quem, com condições de perigo e suas debilidades tem que exercer a autoridade. Concerteza que nunca deverá valer tudo para os agentes de segurança exercerem a sua função, mas de há muito que os papéis têm sido subvertidos e do 8 passou-se para o 80.
Por conseguinte, em nada surpreende a falta de candidatos a agentes da PSP ou GNR. Afinal quem é que se quer meter em apuros e fazer de saco de boxe sem sequer poder reagir a uma ameaça, a um ataque?
Certo é que com estas dificuldades e falta de efectivos, o clima de insegurança é para continuar e aumentar e com isso ganha e avança o crime e o criminoso. Os sinais já são mais que muitos e só os ignoram quem vive em bolhas isoladas da realidade.