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Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

29.10.24

Nem o diabo quererá escolher


a. almeida

Os Estados Unidos estão em eleições. Os americanos, seja lá o que isso for, daquela amálgama de raças, origens e culturas, pela 60.ª vez preparam-se para ir a votos e agora escolher entre Donald Trump e Kamala Harris, esta que entrou no comboio desgovernado e em andamento . Não estou sozinho no grupo que considera que a escolha é difícil, pela simples razão de que são ambos fraquinhos, ambos a roçarem os extremos.

Com esta dupla creio que até ao diabo será difícil escolher. Sem desprimor nem desrespeito, um qualquer Tiririca, um Coelho madeirense ou um Tino de Rans seria uma melhor opção para o american people. Mas como não, nem por lá saberão que existem, terão mesmo que escolher, como há dias respondia uma cidadã local à televisão, o menos mau, o mal menor. Ora isso não cheira nada bem, mas quando não há cão caça-se com crocodilo.

Não sou de apostas, mas estou tentado a apostar que vai ganhar quem tiver menos votos. Parece que por lá é possível.

28.10.24

O contágio da idiotice


a. almeida

O problema da idiotice é  ser contagiosa. Ora quando assim é, à idiotice dos líderes do Chega, num claro aproveitamento populista do caso de violência e bandidagem urbana, que dizem que em resposta à morte de um cidadão pela polícia (cujos contornos estão a ser investigados), não faltou quem entrasse a surfar a onda, incluindo o cómico Ricardo Araújo Pereira, RAP, cujas tiradas a propósito não ficam nada atrás do radicalismo do Ventura e companhia. “O Chega concluiu que Portugal precisa de mais mortes. Dizem que não é um partido democrático, mas querem muito levar as pessoas às urnas”, são algumas das pérolas debitadas pelo RAP, presumo que com muitos sorrisos e palmas.

Dizem que é humor e que a este tudo de releva, mas o RAP já nos habituou, ou a quem o venera, a ser engraçado sem graça, roçando grosseiramentem tantas vezes, o desrespeito e mesmo a ofensa.

Em todo o caso, vai indo e andando e não pagando imposto, os cómicos pela idiotice e os políticos e jornalistas pelos extremismos, isto vai sendo uma autêntica zona franca, onde tudo é à Lagardére.

É aproveitar! Não que a coisa corra riscos de acabar, bem pelo contrário, mas no respeito da moral da velha ordem de "É fartar, vilanagem!".

24.10.24

Mortandade, um horror


a. almeida

Um filme é um filme, por isso é (quase) sempre uma ficção. Mesmo que com um argumento baseado em qualquer pessoa ou evento da vida real, a regra é que as coisas sejam extrapoladas, ficcionadas, exageradas. Não faltam, pois, exemplos disso, diria mesmo que a maioria.

Ora uma série de televisão, mesmo que com diferenças, segue os mesmos pressupostos de ficção e extrapolação. Só que em face desta óbvia constatação, tantas vezes o produto gerado resulta em inconsistências, improbabildades e exageros exagerados, passe a redundância.

Não sou, de todo, consumidor de séries, muito menos do género policial e criminal, e de comédia, que via na MEO, deixei de ver desde que enganado pela NOS, mas de quando em vez lá vou seguindo, mesmo que nem sempre de forma interessada, sequencial e de princípio ao fim. No geral apanho os episódios ja em fase avançada. Não sou, por isso, grande espectador, e muito menos "espetador" como dizem que agora se deve escrever.

Em todo o caso, dentro dessa limitação e tomando como exemplo a série "Midsomer Murders", que passa na Star Crime, que se concentra em vários casos de assassinatos que ocorrem em pequenas vilas rurais no fictício condado inglês de Midsomer, não deixa de ser surpreendente o número de homicídios que ocorrem naquele reduzida região, aparentemente habitada de gente pacata. Fosse um zona real e teria um índice de homicídos mais alto que qualquer outra grande metrópole, mesmo naquelas onde o crime organizado impera. Senão, vejamos, raro é o episódio em que o Inspector Chefe Barnaby e sua equipa, não têm que lidar com dois, três ou mais assassinatos.
Uma mortandade que nem em Tijuana no México e similares onde mandam os cartéis de droga.

Mesmo na série "Death in Paradise", que vou vendo, pelo seu enredo mais ligeiro, descontraído, até salpicado de comédia, a coisa é também de estranhar, pois sendo que normalmente ocorre um homicídio por episódio, por vezes a conta alarga. O que espanta aqui é o facto do cenário decorrer numa ilha que, ficticiamente, terá aproximadamente um quarto da área do território da nosa ilha da Madeira. Ora o que seria se no Funchal, Porto Moniz, Fajá da Ovelha ou Curral das Freiras ocorresem homicídios com a frequência com que acontecem na pequena e bela ilha caribenha de Saint Marie? Seria um caso preocupante e a ter que meter mais polícia, quiçá o exército.

Ok! E estou a preocupar-me com amendoins, dirão, mas a verdade é que estes exageros não ajudam em nada ao fingimento de que estamos absorvidos numa qualquer realidade.
Claro está que estes são apenas dois exemplos e fosse eu consumidor dependente de séries e subscritor de serviços de netflixes e outros que tais, que não sou, não faltariam exageros e inconsistências para apontar e deslindar.

Mas não liguem, que isto, como nos filmes, é tudo a fingir e, felizmente, o mundo com todas as suas extravagâncias e perigos não é tão mau como o pintam as séries de televisão.

10.10.24

O Ofegante não casa com a Tranquilidade


a. almeida

Quem passa por aqui já terá percebido que é pouco ou nenhum o crédito que dou aos nossos políticos. Mas isso não é problema porque nunca lhes faltará quem os defenda, venere e siga, cegamente, clubisticamente. Apesar disso, de quando em vez lá vem uma ou outra medida mais ou menos acertada e assim me pareceu, agora, com as medidas que o Governo anunciou e quer implementar no sector da Comunicação Social. Escusado será aqui esmiuçá-las porque já o foram suficientemente por estes dias.

Ora como se esperava, eu pelo menos, o sector ficou todo incomodado e logo em seu apoio vieram as milícias habituais, incluindo os partidos cujos representantes no nosso parlamento cabem todos dentro de um Austin Mini. É o costume, dali não vem nada de novo e basta o Governo dizer seja o que for que daquelas bandas o entendimento será sempre em sentido oposto. O contrário é que seria surpreendente.

Mas se esta comichão que se fez sentir é normal nos tais sectores donos da verdade e guardiões da democracia, mestres sábios e com certezas absolutas no que é melhor para o país e para os  portugueses, incluindo os imigrantes, também não surpreende a reacção de muita da comunicação social, suas figuras e agentes. Efectivamente este sector não gosta que o abanem e sobretudo que lhes destape a careca. Ora podia lá ser, esta gente andar a ser comandada ao som de assobios e ordens superiores transmitidas por auriculares ou por whatsapp? Não! Nunca! Quando muito, o que pode e deve vir do Governo é apoios, dinheiro, quanto mais melhor. Aí, sim, saberão ser fiéis e reconhecedores da voz do dono.

Afinal de contas, esta coisa da ética e outras que tais, com que dizem que se devem reger os jornalistas e seus órgãos de comunicação, é conversa para adormecer macacos. Como lavar a cabeça a burros, é perda de tempo e gasto em sabão.

Assim sendo, lá vamos tendo um jornalismo e uma comunicação ofegante. Recomendações de tranquilidade não caem bem, porque não é com essas linhas com que se cozem os títulos e as notícias espampanantes. Pois não! Além do mais como é que os jornalistas e seus repórteres poderiam correr atrás das pessoas, das notícias, das intervenções, dos directos, de microfone na mão e câmaras aos ombros sem ficarem ofegantes? É que nem mesmo o melhor atleta de maratona!

Quanto à publicidade ou falta dela na RTP,  voltamos daqui a...15 minutos!

04.10.24

Portugal dos Pequenitos, políticos e ananases


a. almeida

No geral os nossos políticos não são para levar a sério. São mesmo companhia a evitar. Os partidos, que dizem ser necessários à democracia (serão) não são mais que clubes de fedelhos e gente carreirista, com egos insuflados e umbigos salientes, sempre armados de discursos para adormecer burros. Pedro Nuno dos Santos, como outros, é um desses boys, nascido em boas palhas e que desde adolescente se entretém na política, com cara de enfant terrible, a arvorar-se em Robin dos Bosques, na defesa intransigente dos portugueses, já mestre no discurso que inflama as hostes da carneirada, cumprindo as regras da retórica e oratória, num crescendo de voz e tom ao ritmo das palmas e hurrahs.

Poder-se-á pensar, por isso, que ninguém os leva a sério, o que até se comprova com as altas abstenções nos actos eleitorais, mas há muita gente que ainda sim, que os ouve com a veneração e fanatismo de quem escuta o mestre de uma seita obscura. Faz-se tanta greve neste país e nunca se pensou numa greve geral aos actos eleitorais, mesmo que com piquetes às portas das salas de voto?

Quanto à questão dos dias que escorrem, tanto se me dá como se me deu que vá haver eleições legislativas lá para o ínicio do próximo ano, que o PS viabilize ou não o Orçamento de Estado, que o Chega chegue-se ou se afaste, que os extremistas sejam ou não pessoas que  menstruam. É absolutamente igual ao litro; é para o lado que melhor durmo. Por mim até podia haver eleições trimestrais como se fosse um país de brincar, uma espécie de Portugal dos Pequenitos. Isso é que era!

Posto isto, cada cavadela cada minhoca, cada tiro cada melro. A paciência por estes tempos esgota-se mais rápido que os ananases no Mercadona.

30.09.24

Olha eu aqui, olha eu ali


a. almeida

Não me recomendo como modelo de virtudes a alguém, mas, até porque avisado pela sabedoria popular de que "nunca digas, desta água não beberei",  na medida do possível vou procurando alguma discrição ou contenção naquilo que vendo sobre mim próprio. De resto é difícil a tarefa de algum dos meus "amigos" encontrarem nas redes sociais, fotografias onde, como numa montra virtual, me exponha ou aos meus.

Naturalmente que cada um faz como quer e gosta - e quem não gosta de lhe ser dada atenção ou ter o seu momento de fama? - mas, todavia, por natureza, desconfio de quem pelas redes sociais anda num permanente lufa-lufa a mostrar-se, a falar de si próprio: - Olha eu aqui, olha eu ali, olha eu acolá, aqui a fazer assim, ali a fazer assado, acolá a fazer guisado, aqui com o fulano, ali com o beltrano, acolá com o sicrano, etc, etc.

Não, vou pois, muito a essas missas e de gente tão mostrada, diria exibicionista, é melhor, e por cautela, ter atenção redobrada não vá acontecer que dali só saia banha-da-cobra, mãos cheias de nada, ou, bem pior, o contágio de caganeira de vaidade que se nos pega, será coisa para nos reter pelas cagadeiras durante uns valentes dias.

Em suma e tanto quanto possível, conveniente será passar ao lado ou mesmo ignorar as procissões onde o rei vai nu, porque na maior parte dos casos tudo é teatral, encenado.

01.08.24

Marraquexe, não me aquexe nem arrefexe


a. almeida

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A olhómetro, ocupará 1/12 avos da primeira página do JN, Jornal de Notícias, dizem que dos mais lidos por cá. Deve ser para contrapor às mortes nas ferrovias e às lutas nas ruas da Venezuela. Os moradores em Barcelos, que há 18 anos desesperam por obras estruturais, esses ficam-se por três curtas linhas na capa, mesmo que logo acima dos esvoaçantes cabelos da Catarina. É de se ficar pelos cabelos...

Mas é justo, porque de facto são destas notícias que o país precisa, e logo na capa, o saber que a sempre jovem Catarina não se furta a render-se aos encantos de Marraquexe e que mesmo de férias (também eu queria) demonstra elegância, seja lá o que isso queira dizer.

E pronto! Também eu dediquei não 1/12 avos à bela Catarina mas o post inteiro. Mas é de justiça pois não fora a importância destas coisas e como é que haveríamos de passar o tempo de forma saudável, elevar o nosso nível de cultura ou saber da vidinha das outras pessoas?

Pelo menos deu-me azo a criar as tags "merdices" e "pingarelhices".

Obrigado JN! Um dia destes, a visitar a minha tia, procurarei ir a Marrocos, e quem sabe se também me renderei aos seus encantos, quiçá aos de uma bonita e elegante marraquexeana.

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