Um filme é um filme, por isso é (quase) sempre uma ficção. Mesmo que com um argumento baseado em qualquer pessoa ou evento da vida real, a regra é que as coisas sejam extrapoladas, ficcionadas, exageradas. Não faltam, pois, exemplos disso, diria mesmo que a maioria.
Ora uma série de televisão, mesmo que com diferenças, segue os mesmos pressupostos de ficção e extrapolação. Só que em face desta óbvia constatação, tantas vezes o produto gerado resulta em inconsistências, improbabildades e exageros exagerados, passe a redundância.
Não sou, de todo, consumidor de séries, muito menos do género policial e criminal, e de comédia, que via na MEO, deixei de ver desde que enganado pela NOS, mas de quando em vez lá vou seguindo, mesmo que nem sempre de forma interessada, sequencial e de princípio ao fim. No geral apanho os episódios ja em fase avançada. Não sou, por isso, grande espectador, e muito menos "espetador" como dizem que agora se deve escrever.
Em todo o caso, dentro dessa limitação e tomando como exemplo a série "Midsomer Murders", que passa na Star Crime, que se concentra em vários casos de assassinatos que ocorrem em pequenas vilas rurais no fictício condado inglês de Midsomer, não deixa de ser surpreendente o número de homicídios que ocorrem naquele reduzida região, aparentemente habitada de gente pacata. Fosse um zona real e teria um índice de homicídos mais alto que qualquer outra grande metrópole, mesmo naquelas onde o crime organizado impera. Senão, vejamos, raro é o episódio em que o Inspector Chefe Barnaby e sua equipa, não têm que lidar com dois, três ou mais assassinatos.
Uma mortandade que nem em Tijuana no México e similares onde mandam os cartéis de droga.
Mesmo na série "Death in Paradise", que vou vendo, pelo seu enredo mais ligeiro, descontraído, até salpicado de comédia, a coisa é também de estranhar, pois sendo que normalmente ocorre um homicídio por episódio, por vezes a conta alarga. O que espanta aqui é o facto do cenário decorrer numa ilha que, ficticiamente, terá aproximadamente um quarto da área do território da nosa ilha da Madeira. Ora o que seria se no Funchal, Porto Moniz, Fajá da Ovelha ou Curral das Freiras ocorresem homicídios com a frequência com que acontecem na pequena e bela ilha caribenha de Saint Marie? Seria um caso preocupante e a ter que meter mais polícia, quiçá o exército.
Ok! E estou a preocupar-me com amendoins, dirão, mas a verdade é que estes exageros não ajudam em nada ao fingimento de que estamos absorvidos numa qualquer realidade.
Claro está que estes são apenas dois exemplos e fosse eu consumidor dependente de séries e subscritor de serviços de netflixes e outros que tais, que não sou, não faltariam exageros e inconsistências para apontar e deslindar.
Mas não liguem, que isto, como nos filmes, é tudo a fingir e, felizmente, o mundo com todas as suas extravagâncias e perigos não é tão mau como o pintam as séries de televisão.