18.11.24
Nem Pilatos fez melhor
a. almeida
Tenho para mim que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, bem como a da Administração Interna, Margarida Blasco, não têm condições de continuar em funções nos respectivos ministérios. Estar a segurar estas azelhas é para o Primeiro Ministro e para o Governo um factor de desgaste que não se justifica e com custos a jusante.
Apesar de tudo, tanto ou mais que esta óbvia azelhice, chateia a despudorada descaradeza e mesmo hipocrisia por parte de Pedro Nuno Santos e seus correligionários socialistas, bem como dos partidos insignificantes que com ele geringonçaram quase uma década, como se nada tivessem a ver com este descalabro estrutural da Saúde, do INEM, e por aí fora. O barco há muito que mete água por todos os lados e com tantos buracos torna-se difícil acudir a todos quando faltam mãos e dedos, tanto mais desajeitados.
Parece-me, pois, que sobreetudo no caso da ministra da Saúde não será necessário vir a ser determinado o nexo de causa/efeito no atraso do INEM e falecimentos decorrentes, para que tenha que se demitir ou ser afastada.
Para além do mais, é perigoso este caminho de por si só relacionar mortes a atrasos no socorro, sobretudo em pessoas de idades avançadas e com patologias de risco, tantas vezes distantes dos pontos de socorro e unidades hospitalares, porque sempre aconteceram e acontecerão, mesmo que não com a gravidade do atraso ou mesmo falta de resposta dos casos agora em questão. Sempre que o socorro chega a um episódio de emergência será sempre especulável considerar se uma vida seria salva se a ambulância ou o helicóptero tivessem chegado mais cedo, 2, 5 ou 10 minutos ao local, ou depois ao hospital. Tem pouca seriedade quem ousar ter certezas a este nível mesmo que pela lógica todos saibamos que a rapidez com que se socorre em muitos casos faz ou pode fazer a diferença.
Infelizmente esta gente política não se manca, como se costuma dizer, e diariamente agem como se inocentes, como se durante as suas responsabilidades governativas e partidárias tivessem passado incólumes por entre os pingos da chuvada. Por mim vêm de carrinho, mas que irritam, irritam!