25.10.24
Plena dignidade
a. almeida
Sou folha de Outono, amarelecida,
Quase, quase a soltar-se do galho
De onde brotou em certa Primavera;
Em breve não mais que folha caída
Num resumo de que já pouco valho
Na aceitação de quem já nada espera.
A vida é assim! Tem que ser assim!
Uma bússola fiel de pontos cardeais
A indicar caminho, do sul ao norte,
A certeza do princípio que tem fim,
Dos dias que diferentes são iguais,
A verdade de que se vive p´ra morte.
Mas não é esta uma triste sentença
Ou simples fatalidade pré concebida,
Antes um desígnio feito à humanidade;
Importa é manter a luz acesa, a crença,
De que vivemos inteiros a nossa vida
E que toda ela de plena dignidade.