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Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

13.11.25

Ainda falta muito?


a. almeida

Numa primeira fase dei-lhe crédito e pareceu-me uma pedrada no charco da dependência partidária e equacionei em conceder-lhe o meu voto. Todavia, conforme vai avançando o tempo e alargado o espaço de intervenção, quase sempre que abre a boca sai asneira ou entram moscas.

A sua abordagem à emigração deu o tom. Por mais que me esforçe não me comparo como português a quem, como emigrante obtém a nacionalidade ao fim de uma década. Que tenha os mesmos direitos e deveres, e seja português administrativamente, concerteza, nada a questionar. Já quanto à essência, é uma bacorada. Mas esta nem é a questão decisiva. Todos têm direito às suas gaffes. Pior é, conforme se aperta o cerco mediático e de intervenção, enredar-se num discurso algo incoerente e a morder o isco lançado por alguma concorrência do sistema, pelo que tem vindo a perder crédito, o que é pena. Parece-me!

Ainda quero acreditar que se afigura como a melhor opção, ou a menos má, face à clientela partidária e ideológica, mas a continuar assim, se no dia da eleição estiver sol aproveitarei para ir a banhos. Podem escolher por mim, que a responsabilidade é pouca ou nenhuma. 

06.11.25

À frente, um muro de betão


a. almeida

Quem é o Jorge Pinto? Sim, esse candidato a presidente da nossa república, apresentado pelo Livre? É que não conhecia, até ontem, o homem de lado algum, bem menos que o Albertino da Nanda, de Freixo-de-Espada-à-Cinta, que sei que é tractorista, ou o Ramiro, de Marco de Canaveses, que trabalha numa pedreira local.

Mas, louve-se a figura porque presunção e retórica não lhe falta. Ele fala como se já fosse o Cristiano Ronaldo dos candidatos a Belém, o supra-sumo aglutinador da esquerda. O Seguro e os outros 99 candidatos representativos da esquerda têm que se pôr a pau, que este homem, ilustre desconhecido, vai arrasar.

Infelizmente para ele, e felizmente para o país, a realidade é um muro de betão armado, e se não desitir antes, porque para já importa publicitar e dar protagonismo ao Livre (é disso que se trata), o mais certo é esbardalhar-se contra esse muro e depois fastar-se com a rabinho entre as pernas, com  uns 2 ou 3% dos votos e remeter-se novamente ao anonimato.

A ver vamos. O homem até citou o recente vencedor de Nova Iorque, a sustentar que pode haver uma surpresa e também ser eleito, mas convenhamos que uma coisa é sonhar a dormir e outra acordado.

13.10.25

Por acasso "passaram", por Sintra e mais além


a. almeida

Da imprensa:

Ana Mendes Godinho avisa Passos que Sintra não será "palco de ensaio" para unir PSD e Chega
A candidata da coligação PS-Livre sublinhou que Sintra não será o palco de ensaio do "sonho" do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho "de se juntar à extrema-direita".
A cabeça de lista do PS e Livre à Câmara de Sintra avisou esta sexta-feira o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de que o concelho não será “palco de ensaio” para o seu “sonho de se juntar à extrema-direita”.Não regressem, aqui não passarão!".

Nestas coisas como noutras , mas sobretudo em campanha eleitoral, certas frases, certas promessas, poderão no "day after", no dia seguinte, cair como canas de foguetes. Ora a senhora Ana Mendes Godinho afirmara convictamente que "não passarão!". Mas, como se vê agora pelos resultados, "passaram". A Sr. Ana é que não passou, nem a sua mensagem. Tanto em Sintra como na maior parte do país.

Em resumo, importa ter sempre a humildade na justa medida, porque nem sempre as percepções dos eleitores, de quem, afinal, decide eleições, são as nossas. 

Do mesmo modo, e quase pelo mesmo diapasão, a derrota, mesmo que por poucoxinho, da Sra. Alexandra Leitão em Lisboa. O deita abaixo e o oportunismo político, cavalgados a partir de uma tragédia, não surtiram efeito. 

Todavia, servirá isto de lição às anas mendes godinhos e alexandras da nossa política? Não! Parece-me que não!

10.10.25

Quando um orçamento mau é considerado um trunfo


a. almeida

Bem mais fácil que acertar no Euromilhões, sabemos todos que o Partido Comunista Português, versus CDU, vai votar contra o Orçamento de Estado. Mesmo que ainda o não conheça na sua totalidade vai considerá-lo mau, horrível, penalizador, e com todas os demais adjectivos e considerações que de há muito estão gravados na velhinha cassete.

Apesar disso, de o achar mau e merecer a sua reprovação, o simpático Paulo Raimundo considera como eleitoralista o facto do Primeiro Ministro, em pleno período de campanha eleitoral para as autárquicas do próximo Domingo, 12 de Outubro, ter anunciado algumas das suas medidas. Toda a oposição, como se esperava, também alinha no discurso.

Mas, afinal, em que é que ficamos? É eleitoralista divulgar medidas de um Orçamento que à partida se considera mau? Mas nesse caso, não estará o Primeiro Ministro, com estas suas obscuras intenções, a prejudicar-se, bem como aos candidatos relacionados ao seu partido?

Para além de tudo, considere-se como eleitoralista ou não, ético ou não, desde que me conheço, e há partidos e eleições, nunca houve um partido no poder em que de algum modo não procurasse tirar dividendos de uma situação para outra. E não é preciso recuar muito, pois basta lembrar o António Costa a jogar entusiasticamente o trunfo do PRR. Para além do mais, se esta particularidade do Orçamento coincidir com a campanha eleitoral fosse um problema, que se agendassem as autárquicas para Dezembro, como já aconteceu no passado.

Posto isto, continuamos com o mesmo folclore, tanto por parte de quem está no poder como na oposição. E até fazem mais barulho aqueles e aquelas que menos representação têm no Parlamento, logo com pouca expressividade no eleitorado.

Não se mancam, é o que é!

02.10.25

Os partidos a darem música


a. almeida

Constato, ouvindo pela Rádio Observador, que no tempo de antena concedido aos partidos concorrentes às eleições autárquicas, vários partidos, da esquerda à direita não aproveitam os mesmos, não facultando os conteúdos. Ora a Rádio, porque naturalmente lhes interessa manter o espaço porque recebem, passa música para entreter tolos. Já o hino da IL, em vez de algo mais substancial, é oportunidade para ir à casinha aliviar a tripa. Só pode ser gozo!

Vai mal a coisa, desperdiçando o Estado verbas para estas merdices, mesmo palhaçadas. Era acabar com os tempos de antena e pelo menos alguma coisa se poupava. Para além disso, acabava-se com  estas desconsiderações para com os ouvintes e eleitores.

Se as rádios locais recebem 14,80 euros por minuto, certamente que de âmbito nacional a coisa pia mais fino. 

Atentos aos valores pagos pelo serviço para as Legislativas de Maio passado, percebe-se que a coisa não fica propriamente barata aos contribuintes: Veja-se e pasme-se:
Rádio e Televisão de Portugal 79,67 mil euros, à Rádio Comercial 255,13 mil euros e à Rádio Renascença 319,75 mil euros, valores aos quais se aplicam taxas e impostos.

06.06.25

Fazenda pública


a. almeida

fazenda.jpg

Ao contrário do que se possa pensar, não há prazo legal para retirar cartazes ou elementos de propaganda eleitoral, como paineis ou outdoors (palavra tão portuguesa). Parece que há Câmaras Municipais que fixam prazos, mas no geral todos os partidos são muito lentos a remover o que em muitos casos é pura poluição visual, para além do anacronismo de muita da propaganda, porque passado o motivo ou pretexto para a sua colocação.

Assim, um pouco ou muito por todo o lado, vamos vendo esta exposição forçada. Ainda por cima, um quadradinho com publicidade exposta ao espaço público carece de licença e pagamento, como aqui no município, que agora até tem uma empresa concessionária para o efeito, ao passo que a propaganda eleitoral, independentemente do tamanho, é de borla no que se refere a taxas e licenças se em espaços autorizados. Mas no geral, em espaços públicos ou privados, é um fartote.

Ora como um bom (mau) exemplo, numa das curvas de uma rotunda cá da terra, ainda ali continua firme e hirto, mesmo que a perder cor, o Luís Fazenda, candidato que foi pelo Bloco de Esquerda pelo ciclo de Aveiro.
Fartou-se de malhar nos dirigentes locais do centro e da direita, incluindo o Dr. Emídio de Sousa, presidente que foi da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, depois Secretário de Estado do Ambiente e agora Secretário de Estado das Comunidades, mas parece que para além dos 7015 votos que recolheu em todo o distrito, 1,69% dos votantes, o grosso dos eleitores não levou o Fazenda a sério, o que de resto se estendeu a nível geral. O Bloco, sabe-se, é agora um partido de uma mulher só. Crispada, mas só. Impertigada, mas só. Na rua, até parece que muito acompanhada, porque muitos, principalmente se arregimentados, sempre fazem mais banzé, mas mesmo assim, não disfarça que está sozinha.

A acentuar essa solidão, ainda esta semana uma centena de militantes de Santarém desfiliou-se do BE, acusando a direcção de “nunca assumir a responsabilidade pelas sucessivas derrotas eleitorais" e alegando que alguns funcionários do partido "são vítimas de práticas que envergonhariam muitos patrões". Eventualmente outros militantes se seguirão.

O Bloco de Esquerda está muito fora do meu quadrante político, mesmo que eu defenda muitos dos valores que supostamente defende, mas sem qualquer ironia, até porque estas coisas calham a todos, e há ciclos, como no futebol onde nem sempre se ganha nem sempre se perde, este cartaz do Luís Fazenda, ali a permanecer, firme e hirto no seu suporte de chapa de zinco, acentua um certo ar de decadência, tanto mais que, a exemplo de Francisco Louçã por Braga), Fernando Rosas (por Leiria) elementos da velha guarda, foi requerido à sua reforma para "dar força" ao partido, como se isso pudesse trazer frutos. Não trouxe e, para mal dos pecados dos bloquistas, a coisa correu mal, mesmo muito mal. Mas como este nunca vem só, viu subir o partido que mais lhe faz espécie, o Chega, ao segundo partido em número de deputados, mesmo que todos juntos não valham meia dúzia.

Por tudo isto, é um acto de caridade que, com a devida urgência, retirem os paineis e deixem os Fazendas e afins sossegadinhos (na certeza de que não se meterão noutra).

23.05.25

As verdades que doem


a. almeida

No Chega votaram ricos e pobres, urbanos e rurais, mulheres e homens, liberais e estatistas, intelectuais e incultos. Entre um milhão e meio de eleitores do Chega encontram-se perfis pessoais variadíssimos e, provavelmente, um milhão e meio de diferentes razões de voto.

Mas como chão comum a tanta gente talvez estejam algumas ideias simples: o voto no Chega é o que mais irrita os jornalistas e comentadores que querem impôr uma narrativa paternalista no espaço público; é o voto que mais assusta uma classe política que protege e reparte poder e privilégios entre si há décadas; é o voto que mais indigna os sinalizadores de supostas virtudes; é o voto que mais deixa raivosos aqueles que se sentem ungidos por uma superioridade moral.

 

[Telmo Azevedo Fernandes - Blasfémias - continuar a ler]