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Ao contrário do que se possa pensar, não há prazo legal para retirar cartazes ou elementos de propaganda eleitoral, como paineis ou outdoors (palavra tão portuguesa). Parece que há Câmaras Municipais que fixam prazos, mas no geral todos os partidos são muito lentos a remover o que em muitos casos é pura poluição visual, para além do anacronismo de muita da propaganda, porque passado o motivo ou pretexto para a sua colocação.
Assim, um pouco ou muito por todo o lado, vamos vendo esta exposição forçada. Ainda por cima, um quadradinho com publicidade exposta ao espaço público carece de licença e pagamento, como aqui no município, que agora até tem uma empresa concessionária para o efeito, ao passo que a propaganda eleitoral, independentemente do tamanho, é de borla no que se refere a taxas e licenças se em espaços autorizados. Mas no geral, em espaços públicos ou privados, é um fartote.
Ora como um bom (mau) exemplo, numa das curvas de uma rotunda cá da terra, ainda ali continua firme e hirto, mesmo que a perder cor, o Luís Fazenda, candidato que foi pelo Bloco de Esquerda pelo ciclo de Aveiro.
Fartou-se de malhar nos dirigentes locais do centro e da direita, incluindo o Dr. Emídio de Sousa, presidente que foi da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, depois Secretário de Estado do Ambiente e agora Secretário de Estado das Comunidades, mas parece que para além dos 7015 votos que recolheu em todo o distrito, 1,69% dos votantes, o grosso dos eleitores não levou o Fazenda a sério, o que de resto se estendeu a nível geral. O Bloco, sabe-se, é agora um partido de uma mulher só. Crispada, mas só. Impertigada, mas só. Na rua, até parece que muito acompanhada, porque muitos, principalmente se arregimentados, sempre fazem mais banzé, mas mesmo assim, não disfarça que está sozinha.
A acentuar essa solidão, ainda esta semana uma centena de militantes de Santarém desfiliou-se do BE, acusando a direcção de “nunca assumir a responsabilidade pelas sucessivas derrotas eleitorais" e alegando que alguns funcionários do partido "são vítimas de práticas que envergonhariam muitos patrões". Eventualmente outros militantes se seguirão.
O Bloco de Esquerda está muito fora do meu quadrante político, mesmo que eu defenda muitos dos valores que supostamente defende, mas sem qualquer ironia, até porque estas coisas calham a todos, e há ciclos, como no futebol onde nem sempre se ganha nem sempre se perde, este cartaz do Luís Fazenda, ali a permanecer, firme e hirto no seu suporte de chapa de zinco, acentua um certo ar de decadência, tanto mais que, a exemplo de Francisco Louçã por Braga), Fernando Rosas (por Leiria) elementos da velha guarda, foi requerido à sua reforma para "dar força" ao partido, como se isso pudesse trazer frutos. Não trouxe e, para mal dos pecados dos bloquistas, a coisa correu mal, mesmo muito mal. Mas como este nunca vem só, viu subir o partido que mais lhe faz espécie, o Chega, ao segundo partido em número de deputados, mesmo que todos juntos não valham meia dúzia.
Por tudo isto, é um acto de caridade que, com a devida urgência, retirem os paineis e deixem os Fazendas e afins sossegadinhos (na certeza de que não se meterão noutra).