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Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

13.11.24

A berrar e a borrar


a. almeida

Hoje sinto-me preguiçoso. Assim, não porque precise ele de publicidade, faço de um comentário do Pedro Correia, no "Delito de Opinião", o post deste dia. Sei que são perguntas "difíceis" mas haverá sempre alguém que saiba as respostas. Com sorte, talvez os berradores e os borradores.

"...Sobre a agenda climática convém assinalar o seguinte: só a UE está a cumprir escrupulosamente a referida agenda. Em mais nenhuma parte do mundo - do Brasil do senhor Lula à China do ditador Xi - isso ocorre.
E no entanto só aqui, na Europa Ocidental e Central, aparecem "activistas climáticos" a berrar contra os governos e a borrar edifícios e museus com tintas e outra porcaria?.
Por que raio não irão eles berrar e "agir" em Nova Deli, Pequim, Moscovo, Manila, Cairo, Nairobi ou Joanesburgo?"

 

05.11.24

Peças do mesmo molde


a. almeida

Não sou o primeiro a afirmá-lo, nem, com toda a certeza, o último. Ainda agora e bem melhor que eu, o escreveu J. Rentes de Carvalho, patrão da barca do "Tempo Contado".

Mas, de facto, vivemos num tempo em que somos, literalmente, levados a acreditar no que nos impingem os senhores que, de um ou outro modo, vão sendo os "donos disto tudo", a começar pela comunicação social, esta há muito com a alma e o resto da mobília vendidas ao diabo, como quem diz aos interesses de grupos, agendas partidárias e ideológicas e lobies mais ou menos obscuros que com ares de quem nos governa e seriamente preocupados pelo nosso bem-estar geral, vão ditando as leis e impondo as regras e as modas, por mais estapafúrdias e wookianas que sejam. Por todos os meios procuram reescrever a História, rever livros, adoçar narrativas. Em suma, uma enorme lavandaria de cérebros menos dados a escrutínio proprio.

Por conseguinte, o mandá-los "à merdinha" ou a dar uma "volta ao bilhar grande" já não basta e porventura o melhor remédio será ignorá-los e continuar a pôr o pé fora das argolas com que nos tentam emaranhar.

Não obstante, a resmunguice mais ou menos resignada de uns poucos choca com a dimensão do rebanho que obediente segue os carneiros-mor. Alinham-se a passo milimétrico como a soldadesca de uma Coreia do Norte na parada militar perante o supremo morcão e líder Kim Jong. O rebanho exulta com as narrativas das supremas cabecinhas pensadoras e surfa na onda da aceitação de que o obsceno é normal e curriqueiro.

Discute-se no café ou nas redes sociais os principescos ordenados que se pagam a desportistas e acolhe-se a notícia de que um qualquer treinador porreiraço irá ganhar 8 milhões por época como se isso seja pouco mais que o ordenado mínimo de um qualquer pedreiro ou trolha. Mas aqui o treinador de quem se fala, é apenas um gota nesse oceano de obscenidade salarial e nem sequer é ele o culpado nem dos que mais ganha, longe disso. Têm-na, a culpa, na justa medida que temos cada um de nós, peças uniformes desta moderna sociedade. Nem mais nem menos!

Assim como assistir à carnaficina nas guerras, atentados terroristas e conflitos vários, vai-nos retirando sensibilidade  a ponto de aceitarmos estas situações e notícias com uma naturalidade de mansos e ordeiros como gado a entrar no matadouro.

Passamos há muito os limites da idade da inocência e já nada nos comove ou nos abala nos alicerces da nossa indiferença. Estamos no ponto! Cada um um pedaço de barro pronto a ser moldado, mas já não na roda do oleiro, mas para não haver peças únicas, apenas pela uniformidade de um molde. Todos iguaizinhos! 
Vamos, pois, andando neste turpor geral em que tudo continuará a ser mais do mesmo, expectável, previsível. 

Como escreveu o velho escritor e pensador "...só que o dito não é para aqui chamado, esse “à vontade do freguês” é modo de dizer, pois já não há freguês no sentido corrente. Nem sequer loja, mas estádios plenos de multidão entusiasmada, gritando e saltando ao mando do deejay, esquecida que é rebanho, e terminada a música, as luzes, o foguetório, a espera, o chicote e a mordaça."

31.10.24

Modernas inquisições


a. almeida

Essa queixa-crime contra dois deputados do Chega e um assessor que já reuniu mais de 100 mil assinaturas é uma palhaçada judicial de todo o tamanho, própria de quem não tem tradição democrática e procura, através do tribunal judicial, meter na prisão os adversários políticos, em lugar de os vencer no tribunal da opinião pública.
Tudo o que os deputados do Chega disseram (e o seu assessor também) é puro direito à liberdade de expressão, ampliado pela sua condição de deputados da Nação, e perfeitamente enquadrável na jurisprudência do TEDH sobre esta matéria.

[Pedro Arroja - Portugal Contemporâneo]

 

Palhaços e palhaçadas nunca hão-de faltar, sobretudo no nosso panorama político e politiqueiro. O difícil é escolher. E como de facto não somos todos criancinhas da pré-escola, não é preciso reunir um cento de mil assinaturas para achar tudo isto uma verdadeira palhaçada. Mas têm medo de quê esses subscritores? Que a democracia não funcione?  Vai daí, que a Justiça deva decidir o que não decide o povo nas urnas?

Por este andar, um dia destes juntar-se-ão mais 100 mil inquisitores a pedir para colocar na alçada da Justiça e na choldra todos os que tiverem a ousadia de votar no Chega. Já faltou mais! Terão prisões para tantos?

24.07.24

Abrir ou fechar a porta


a. almeida

Creio que por ontem, deixei um comentário num post em que a autora dizia ser o primeiro que escrevia e que até mereceu da plataforma um destaque. Nada mal para um primeiro post. Uma cavadela, uma minhoca.

A propósito, confesso que nunca percebi os critérios dos "destaques" e talvez por isso é pouca a importância que lhes dou. Se mereci algum, nem me apercebi. De resto, do pouco que consigo descortinar, deve ser de ondas, sendo que, parece-me, há temas bandeira. Por exemplo se escrevesse aqui positivamente sobre uma marcha de orgulho LGBTQQICAAPF2K+XYZ+ABC+, um artigo a desancar no Chega ou a partilhar a receita de um bolo de diospiro,  ou aquela viagem que nunca fiz fora de Portugal, provavelmente seria merecedor de um destaque.  Talvez, mas isto sou eu a especular.

Mas como não sigo tendências e até admito que o palato dos leitores não está habituado aos sabores ácidos com que, reconheço, polvilho as minhas pobres considerações, não posso aspirar a grandes plateias. Na gíria do negócio, para isso resultar teria que mudar de ramo, ou de galho conforme o macaco.

Mas dizia, que o post inicial gera sempre essa "ansiedade" e daí a expressa pela autora. E respondi que esse era sempre importante porque o primeiro passo de uma caminhada e que pela minha parte, em oposição,  já estou a pensar em quando tomarei a decisão de publicar aqui o último, ou pelo menos o último a anteceder uma pausa que poderá ser até ao fim das férias, como até à véspera do Natal, da Páscoa, do Dia de Camões ou do S. Nunca. Talvez num destes dias.

É que isto de escrever, mesmo que com prazer, cansa, para além de que, convenhamos, tirando uma dúzia de espaços bem cimentados na qualidade e no tempo e, vá lá, nos tais "destaques",  regra geral é escrever para meia dúzia de acidentais visitantes, quase como na maioria das plateias dos nossos teatros em que se contam pelos dedos das mãos, e quando muito juntos os dos pés, os que se dignam a pagar bilhete para assistir. Num blog, todavia, a coisa é pior porque é tudo servido à borla e nem assim...

Mas vamos indo e andando e tendo em conta que nada é eterno e a experimentação faz parte do progresso, para além de que a diferença entre o abrir e fechar uma porta é apenas no sentido em que se roda a chave. Tão simples!

09.07.24

Crianças à batatada


a. almeida

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Dentro do espírito do artigo do Kruzes Kanhoto, sempre assertivo, talvez por também ser rapaz que já não vai para novo, pego sobretudo no pensamento ou constatação de que "...As crianças de hoje, acho eu, não se dedicam as estas actividades. Ou poucas terão, sequer, oportunidade para tal. Em contrapartida os adultos até pagam para se sujarem.".

De facto parece ser esse o caminho. Ainda há dias, no meu campo de batatas (sim, ainda sou dos que plantam e colhem batatas), a minha cara metade decidiu deixar um carreiro (fila) delas por apanhar. Só não estranhei porque já no ano passado tinha sido assim. Ou seja, a pedido da sua fisioterapeuta, onde faz uma coisa chamado Pilatos, e se não é assim que se diz e escreve, lavo daí as minhas mãos, tem reservado um carreiro de batatas para que ela com os seus dois filhos, ainda crianças, ali venham a aprender o que são batatas, como se tiram da terra e, claro, o contacto com esta, esgravatando nela, enchendo-se de pó, por fora e por dentro e surpreendidos a catar das mais pequeninas às maiores, enchendo balde após balde.

No final, não foi ao extremo de pagar o serviço, mas, pelo contrário, teve a recompensa de um bom balde com uns 10 quilos delas. Escusado será dizer que nessa noite as crianças, depois de um bom banho e de comerem o fruto do seu trabalho, dormiram profundamente. Para o próximo ano lá ficará de reserva mais um carreiro. Pena que não me arranquem o campo todo, digo eu!

E assim vamos andando. Num tempo em que as crianças são super protegidas, não dão um passo em falso, não andam descalços, não sujam as mãos a não ser em batatas fritas e outras iguarias embaladas, não supreende que a infância no geral se estenda até aos 30 anos e a dependência dos pais, até bem mais tarde.

Não generalizemos, pois não, mas o retrato é mais ou menos este.

18.06.24

Cada macaco no seu galho


a. almeida

A intervenção do futebolista francês Mbappé a anteceder o jogo de estreia da França no Euro 20024, ontem contra a selecção da Áustria (que venceu com 1-0 com um auto-golo dos austríacos) acabou por se virar para a situação política em resultado das eleições para o Parlamento Europeu em que o crescimento da extrema-direita levou o presidente Macron a convocar lesgislativas antecipadas.

Falou Mbappé, perante as câmaras de televisão e o mundo, dos valores que considera estarem em risco, apelando ao voto dos da sua geração como forma de os defender. Falou dos valores do costume, como o respeito e a tolerância que sentencia estarem em causa com a vitória da extrema-direita.
Ora num certo blog cá da praça, em que abordava esta questão, deixei o meu comentário e que aqui elevo à condição de artigo. Segue, com uma ou outra caiadela:

"Porventura, Mbappé anda com o ofício trocado. Pode sempre optar por entrar na política.
Concordo que todos, incluindo os desportistas, tenham direito à sua opinião e a manifestar as suas preocupações relativamente aos mais variados contextos, incluindo os políticos, como é o caso. Tudo legítimo.

Todavia, já coloco algumas reservas quando o fez e fazem em pleno contexto de representação de uma país ou uma nação, porque se queira ou não, os adeptos são também a diversidade e por conseguinte representativos das opções politicas, mesmo as contrárias às de Mbappé.

Ademais, a base das preocupações, com o crescimento da extrema-direita em França, decorre, veja só, da diversidade de pensamento legitimada em eleições democráticas.
Eu, se fosse grande adepto da nossa selecção nacional, não gostaria de ouvir um dos seus futebolistas a tecer opiniões políticas contrárias às minhas, não porque o não possa fazer com legitimidade, mas não seguramente quando me representa enquanto adepto.

Em resumo, o direito à opinião é legítimo, concerteza, mas importa também perceber o contexto em que nos movemos e quem ou o que representamos. Neste sentido, parece-me que o desportista abusou dessa posição, por mais legítimos que sejam a sua posição e pensamento.

Além do mais, goste-se ou não da UEFA e FIFA e suas posições nem sempre claras, até dúbias, quanto a estas questões políticas, Mbappé e outros podem sempre optar, livremente, por não participar nestes eventos.

Simples. Como diz o povo, "cada macaco no seu galho".

Em resumo, reitero que há cargos e funções que enquanto representativos de um todo não são compatíveis com tomadas de posição que decorrem do exercício pessoal. Um exemplo: O presidente Marcelo não é o meu porque nele não votei, mas representa-me e diz-se como "presidente de todos os protugueses". Ora não parece aceitável, mesmo que possível e legítimo sob um ponto de vista de liberdade pessoal, que possa tecer opiniões, sobretudo desfavoráveis, a partidos e às suas posições e ideologias. Outro exemplo: Alguém, hoje em dia, aceitaria que um professor em plena aula começe a defender os valores cristão em detrimento de outros ou vice-versa? E contudo tem legitimidade para o fazer num plano pessoal e fora do contexto da instituição que representa. Qual a diferença para o que fez e disse o Mbappé?

Era o que faltava! Daí que de facto, "cada macaco no seu galho". Quem quiser exprimir-se de forma livre e pessoal, incluindo ser activista do que quer que seja, que o faça, mas que se demita das suas funções que representa em nome de todos e que a isso obriga imparcialidade.

Não me parece que seja preciso fazer um desenho.

31.05.24

Muitas fotografias para anónimos idiotas


a. almeida

Em comentário ao meu último post "Rio de Onor - A merecer amor", um anónimo questiona se "Este post com muitas fotos é para adultos ou para crianças?". Pelo absurdo e despropósito da questão, e lá saberá o anónimo porque não gosta de fotografias, poderia e deveria ter empurrado o comentário para  o sítio adequado, para o balde do lixo onde se juntam os restos de sardinhas assadas, tripas de carapau ou o resto da açorda do jantar. Mas, como o anónimo poderia ficar a remoer na dúvida, respondi que "Nem uma coisa nem outra. É para anónimos idiotas.".

Em suma, isto de comentários nos blogs é sempre propício à proliferação de anónimos e trolls. Mesmo a dar respostas condizentes, é sempre uma perda de tempo porque aqui mais do que chover no molhado, aplicam-se na medida exacta os ditados de que "Lavar a cabeça a burros gasta-se tempo e sabão", ou então "A burros não se dá conversa, mas palha". E como não há duas sem três, "Nunca discutas com um idiota porque ganha-te em experiência".

Quanto a muitas ou poucas fotografias a ilustrar um determinado post, é como a presunção e água benta e cada um toma a que quer. Estilos ou contextos. Quem não gostar, passe à frente ou arrume para o lado, mas não perca tempo, que este está caro.

Pelo sim, pelo não, criei a tag "idiotas".