30.09.24
Olha eu aqui, olha eu ali
a. almeida
Não me recomendo como modelo de virtudes a alguém, mas, até porque avisado pela sabedoria popular de que "nunca digas, desta água não beberei", na medida do possível vou procurando alguma discrição ou contenção naquilo que vendo sobre mim próprio. De resto é difícil a tarefa de algum dos meus "amigos" encontrarem nas redes sociais, fotografias onde, como numa montra virtual, me exponha ou aos meus.
Naturalmente que cada um faz como quer e gosta - e quem não gosta de lhe ser dada atenção ou ter o seu momento de fama? - mas, todavia, por natureza, desconfio de quem pelas redes sociais anda num permanente lufa-lufa a mostrar-se, a falar de si próprio: - Olha eu aqui, olha eu ali, olha eu acolá, aqui a fazer assim, ali a fazer assado, acolá a fazer guisado, aqui com o fulano, ali com o beltrano, acolá com o sicrano, etc, etc.
Não, vou pois, muito a essas missas e de gente tão mostrada, diria exibicionista, é melhor, e por cautela, ter atenção redobrada não vá acontecer que dali só saia banha-da-cobra, mãos cheias de nada, ou, bem pior, o contágio de caganeira de vaidade que se nos pega, será coisa para nos reter pelas cagadeiras durante uns valentes dias.
Em suma e tanto quanto possível, conveniente será passar ao lado ou mesmo ignorar as procissões onde o rei vai nu, porque na maior parte dos casos tudo é teatral, encenado.