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Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

Diário de quem já não vai para novo

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27.12.24

Cartas abertas


a. almeida

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Tinha umas coisitas simpáticas a dizer, em jeito de carta aberta, aos autores da carta aberta com acusações ao primeiro-ministro, e opinar que, no meu entendimento, faltam mais acções em que a polícia se mostre, e quem não deve não teme, e que isto  não convém que seja uma "co*a da mãe joana". Pelo meio, talvez lhes recomendasse irem áquele sítio abaixo de Braga, ou a darem um voltinha ao bilhar grande.

Do que vi, mostrado não pela polícia mas pela comunicação social, foi uma acção normal de fiscalização e em que imperou o procedimento adequado a controlar uma pequena multidão. Muita gente voltada para a parede? E que mal tem se o motivo era a segurança dos revistados e dos revistadores? Alguém, foi agredido, detido ou acusado injustamente? Viver em liberdade e num estado de direito tem destas coisas. Repito que quem não deve não teme. Mal seria se assim não fosse.

Não obstante, como ainda em espírito natalício, limito-me a partilhar um olhar de natureza, que fica sempre bem, está na moda e é relaxante. Se não resultar, passem pela farmácia Central e comprem algo que alivie o stress e a azia. Pelo sim, pelo não, um boião de vaselina, para as frieiras é uma boa opção, é que, pelo menos por aqui, o tempo vai de geadas. 

Continuação de festas boas!

20.12.24

A moral da esquerda é mirolha


a. almeida

Não é político que me capte simpatias, mas parece-me que o que está a contecer na Madeira, é algo que devia preocupar. Os populistas do Chega, nomeadamente o rezingão e charlatão do seu líder, promoveu a queda do governo regional, com a parceria do fofo Cafofo, o eterno derrotado, alegando questões de corrupção. 

Todavia, tanto quanto se saiba, e cobrindo-o a oposição com tal anátema, Miguel Albuquerque não foi condenado e até que o possa ser, presume-se a sua inocência. Além do mais, e não é dispiciendo, venceu as eleições de forma legítima. Sim, venceu as eleições!

Que seja derrubado por não dispor de maioria parlamentar, aceita-se, mesmo que isso conduza a mais do mesmo e em grande medida pela sede de poder de quem não o alcança em eleições, mas colocar em causa a legitimidade e a inocência das pessoas é um mau caminho e atentatório aos direitos e garantias. Tanto mais que defendido o seu afastamento por quem tanto barafusta por princípios democráticos e legitimidade de direitos constitucionais, como se arvora a nossa esquerda, da mais moderada à mais radical.

Uma vez mais, a bota de toda a esquerda, e dos seus amigos populistas, não bate certo com a perdigota.

Ontem assisti a parte da entrevisa ao Albuquerque e a determinada altura, face à insistência do entrevistador, talvez avençado, parece-me que o chefe do Governo deveria ter ele próprio ter questionado o entrevistador, no género: Responda-me, eu fui condenado? Então, se não, tenho, ou não legitimidade para me expor a eleições? Se sim, e se as venci, tenho ou não legitimidade de formar Governo? Se tenho ambas as legitimidades, porque não  a tenho nem o direito de voltar a submeter-me ao escrutínio dos eleitores? 

É preciso fazer um desenho? É que o homem pode ser um grande corrupto, nem isso me surpreenderia, mas até que seja provado e condenado, merece todo o direito à presunção de inocência e sem que lhe seja beliscada a legitimidade e os direitos.

É preciso fazer outro desenho?

16.12.24

O fantasma do défice e as cuecas


a. almeida

Não deixa de ser irónico, vá lá, engraçado, senão hipócrita, que o secretário geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, considere que o alerta de socialista Mário Centeno, agora governador do Banco de Portugal, é para “levar muito a sério”.
O alerta do ex-ministro das Finanças, rei das cativações, sobre a possibilidade de haver défice em 2025, é, pois, levado a sério pelo chefe da oposição, porque "sabe do que fala".

A consideração de ironia resulta de que o Partido Socialista, por PNS, tenha feito aprovar em parceria com o Chega, medidas que objectivamente vão agravar as despesas, logo como contributo para o fantasma do défice. Ora, este  "sabe do que fala" não rima com “levar muito a sério”.

A ver vamos, mas de facto a nossa politica e os nossos políticos não são, definitivamente, para levar a sério, mesmo que aparentem saber do que falam. Como as cuecas, têm que ser mudados com frequência.

25.11.24

Vinte e cincos, for ever!


a. almeida

Não vou dar-me a esse trabalho, de contar quantos, mas presumo que vários blogues darão enfoque ao que foi o 25 de Novembro de 1975. Uns a exaltar outros a menorizar. Sei, sabemos, que passam neste dia 49 anos sobre o acontecimento e importa dar-lhe lugar e lembrança. Para o próximo ano serão 50 anos. Merecerá uma celebração maior.

Não sou historiador mas sei ler, escrever, presumo, estudar e interpretar, para além de já andar pelo mundo nesse tempo. Por conseguinte, do que sei, o 25 de Novembro de 1975 não substituí, de todo, a importância que teve o 25 de Abril de 1974, porque esta resultou na queda da ditadura e da conquista do direito à liberdade, mas tem a sua própria, que foi a da consolidação da democracia e dos propósitos do 25 de Abril. Como o têm dito vários historiadores menos dados a alinhamentos, uma data não substituí a outra mas antes complementam-se, porque sem a de Abril não existiria a de Novembro e sem esta a outra teria sido um acontecimento em vão, inútil.

Fora desta realidade, com mais ou menos curvas, grupos dos 8 ou dos 9, com ou sem Mários Soares, Eanes, Carluccis e outros jokers da esquerda à direita, o acontecimento de Novembro de 1975 tem sido esgrimido de forma indevida, onde alguns partidos tentam apropriar-se da sua génese e outros procuram ignorá-la, retirar-lhe toda a importância, porque, percebe-se, as suas consequências, a clarificação e o encarreiramento na democracia, foram contrárias aos seus propósitos de estabelecimento de uma outra ditadura, agora de esquerda. Por eles seríamos uma Cuba na ponta da Europa, sem tirar nem pôr, quiçá uma Coreia do Norte ocidental.

Por conseguinte, sem surpresa, o PCP, partido cujos deputados cabem num Mini, vai ficar de fora da sessão comemorativa na Assembleia da República e mesmo o Bloco terá apenas uma sombra solitária a marcar o ponto. Também de fora, essa coisa designada de Fundação 25 de Abril. Como diz o ditado, "fazem tanta falta como uma viola num enterro".

Em todo o caso, esta dicotomia em torno das duas datas e dos correspondentes acontecimentos, têm feito  e continuarão a fazer parte da nossa História colectiva e mesmo do folclore político e ideológico.

25 de Abril, sempre! 25 de Novembro, for ever!

18.11.24

Nem Pilatos fez melhor


a. almeida

Tenho para mim que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins,  bem como a da Administração Interna, Margarida Blasco, não têm condições de continuar em funções nos respectivos ministérios. Estar a segurar estas azelhas é para o Primeiro Ministro e para o Governo um factor de desgaste que não se justifica e com custos a jusante.

Apesar de tudo, tanto ou mais que esta óbvia azelhice, chateia a despudorada descaradeza e mesmo hipocrisia por parte de Pedro Nuno Santos e seus correligionários socialistas,  bem como dos partidos insignificantes que com ele geringonçaram quase uma década, como se nada tivessem a ver com este descalabro estrutural da Saúde, do INEM, e por aí fora. O barco há muito que mete água por todos os lados e com tantos buracos torna-se difícil acudir a todos quando faltam mãos e dedos, tanto mais desajeitados.

Parece-me, pois, que sobreetudo no caso da ministra da Saúde não será necessário vir a ser determinado o nexo de causa/efeito no atraso do INEM e falecimentos decorrentes, para que tenha que se demitir ou ser afastada.

Para além do mais, é perigoso este caminho de por si só relacionar mortes a atrasos no socorro, sobretudo em pessoas de idades avançadas e com patologias de risco, tantas vezes distantes dos pontos de socorro e unidades hospitalares, porque sempre aconteceram e acontecerão, mesmo que não com a gravidade do atraso ou mesmo falta de resposta dos casos agora em questão. Sempre que o socorro chega a um episódio de emergência será sempre especulável considerar se uma vida seria salva se a ambulância ou o helicóptero tivessem chegado mais cedo, 2, 5 ou 10 minutos ao local, ou depois ao hospital. Tem pouca seriedade quem ousar ter certezas a este nível mesmo que pela lógica todos saibamos que a rapidez com que se socorre em muitos casos faz ou pode fazer a diferença.

Infelizmente esta gente política não se manca, como se costuma dizer, e diariamente agem como se inocentes, como se durante as suas responsabilidades governativas e partidárias tivessem passado incólumes por entre os pingos da chuvada. Por mim vêm de carrinho, mas que irritam, irritam!

06.11.24

Ora bolas! A democracia outra vez a funcionar!


a. almeida

Ora bolas! A democracia outra vez a funcionar! 

Confesso que não me aqueceu nem arrefeceu, sendo que perspectivava a vitória da Kamala, desde logo porque tinha a seu favor os enormes defeitos do adversário, a generalidade da "boa imprensa", a classe artística e do showbiz, etc, mas não foram suficientes esses trunfos e as notícias e os analistas vão dizendo que o Donald venceu e de forma categória e vai ser, mais que no primeiro mandato, "dono daquilo tudo".

Por cá, a generalidade dos bota-faladura ficaram, naturalmente, com uma enorme azia e do que vão falando fazem-no como donos da razão, sentenciando que  foi uma má escolha.

Boa ou má, foi a democracia, mesmo que à americana, a funcionar. E assim será a não ser que, bem à portuguesa, surja uma petição de notáveis e guardiões dos bons valores, para levar à justiça todos quantos tiveram o descaramento de escolher o vencedor, a modos de se vencer pela justiça o que não se consegue nas urnas. 

Por enquanto é assim. Fora deste modelo, só mesmo à moda da China, Venezuela, Rússia, Coreia do Norte, Cuba, e outras que tais. Aí, sim, é infalível e ganha quem tem de ganhar, sem surpresas e a vontade de um ou poucos prevalece sobre todo o resto.

Vamos, lá, Catarinas, Mortáguas, Marisas, Fabians, Raimundos, Anas Sá Lopes, Leitões, e outros e outras que tais, carpir máguas e ódios. Podem vir chorar no meu ombro, no esquerdo, claro!

05.11.24

Peças do mesmo molde


a. almeida

Não sou o primeiro a afirmá-lo, nem, com toda a certeza, o último. Ainda agora e bem melhor que eu, o escreveu J. Rentes de Carvalho, patrão da barca do "Tempo Contado".

Mas, de facto, vivemos num tempo em que somos, literalmente, levados a acreditar no que nos impingem os senhores que, de um ou outro modo, vão sendo os "donos disto tudo", a começar pela comunicação social, esta há muito com a alma e o resto da mobília vendidas ao diabo, como quem diz aos interesses de grupos, agendas partidárias e ideológicas e lobies mais ou menos obscuros que com ares de quem nos governa e seriamente preocupados pelo nosso bem-estar geral, vão ditando as leis e impondo as regras e as modas, por mais estapafúrdias e wookianas que sejam. Por todos os meios procuram reescrever a História, rever livros, adoçar narrativas. Em suma, uma enorme lavandaria de cérebros menos dados a escrutínio proprio.

Por conseguinte, o mandá-los "à merdinha" ou a dar uma "volta ao bilhar grande" já não basta e porventura o melhor remédio será ignorá-los e continuar a pôr o pé fora das argolas com que nos tentam emaranhar.

Não obstante, a resmunguice mais ou menos resignada de uns poucos choca com a dimensão do rebanho que obediente segue os carneiros-mor. Alinham-se a passo milimétrico como a soldadesca de uma Coreia do Norte na parada militar perante o supremo morcão e líder Kim Jong. O rebanho exulta com as narrativas das supremas cabecinhas pensadoras e surfa na onda da aceitação de que o obsceno é normal e curriqueiro.

Discute-se no café ou nas redes sociais os principescos ordenados que se pagam a desportistas e acolhe-se a notícia de que um qualquer treinador porreiraço irá ganhar 8 milhões por época como se isso seja pouco mais que o ordenado mínimo de um qualquer pedreiro ou trolha. Mas aqui o treinador de quem se fala, é apenas um gota nesse oceano de obscenidade salarial e nem sequer é ele o culpado nem dos que mais ganha, longe disso. Têm-na, a culpa, na justa medida que temos cada um de nós, peças uniformes desta moderna sociedade. Nem mais nem menos!

Assim como assistir à carnaficina nas guerras, atentados terroristas e conflitos vários, vai-nos retirando sensibilidade  a ponto de aceitarmos estas situações e notícias com uma naturalidade de mansos e ordeiros como gado a entrar no matadouro.

Passamos há muito os limites da idade da inocência e já nada nos comove ou nos abala nos alicerces da nossa indiferença. Estamos no ponto! Cada um um pedaço de barro pronto a ser moldado, mas já não na roda do oleiro, mas para não haver peças únicas, apenas pela uniformidade de um molde. Todos iguaizinhos! 
Vamos, pois, andando neste turpor geral em que tudo continuará a ser mais do mesmo, expectável, previsível. 

Como escreveu o velho escritor e pensador "...só que o dito não é para aqui chamado, esse “à vontade do freguês” é modo de dizer, pois já não há freguês no sentido corrente. Nem sequer loja, mas estádios plenos de multidão entusiasmada, gritando e saltando ao mando do deejay, esquecida que é rebanho, e terminada a música, as luzes, o foguetório, a espera, o chicote e a mordaça."