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Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

27.02.25

Terra minha


a. almeida

Nasci onde a serra se acende
Na luz que ofusca a manhã,
Onde o vento canta e fende
Mas sem vergar quem lá está.

Sou filho do chão agreste,
Do sulco fundo do arado,
Da mão que, dura, investe
Contra o destino traçado.

Cada pedra, cada ribeiro,
Cada tronco a retorcer-se,
É espelho do meu roteiro,
O meu ser a escrever-se.

Trago no peito esta terra,
Este chão de pó e suor,
Que me aperta e me ferra,
Mas que me embala em amor.

Ainda que me chame o mundo
E os caminhos me levem além,
Trago na alma, bem no fundo,
As raízes que da terra vêm.

Ser daqui ninguém escolhe,
É sina, é fado, é brasão,
É terra que grita e acolhe
Dentro do peito um coração.

Terra minha, minha terra,
Que molda todo o meu ser,
Como um peito que encerra
O sangue que me faz viver.

26.02.25

A língua que nos deram


a. almeida

Perdoar-me-á, o J. Rentes de Carvalho, mas não resisto a reproduzir na íntegra uma das suas pérolas da escrita e pensamento. De resto, é por uma boa causa, porque de facto andamos , de há muito, a cavar nesta imbecilidade de usarmos os inglesismos por tudo e por nada, não só na fala e na escrita, como nas parangonas dos títulos ou designações de eventos. Cada tiro cada melro, cada cavadela, cada minhoca. Somos uns tristes e nma miséria que não se compreende com a riqueza da nossa língua, de Camões, de Eça, de Pessoa, de Torga e tantos, tantos outros. De facto gostamos de usar fantasias carnavalescas que nos ficam curtas nas mangas e com isso, mesmo em Carnaval, ficamos ridículos.

 

"A língua que nos deram

Todos conhecemos momentos em que se hesita entre a gargalhada e o choro, mas não são esses os piores. Ruins mesmo são os que enfastiam e nos deixam num estado de prostração, porque pôr o dedo na chaga de nada adianta quando sabemos que nos falta remédio para ela.

Vem isto a propósito do fenómeno generalizado e nacional do arroto de postas de pescada no que toca o uso a língua inglesa. De doutor a semi-analfabeto há uma rapaziada a quem se lhes meteu na cabeça que a demonstração de ser fino, sabido, pertencer aos eleitos, à fina-flor, não dispensa umas pazadas de Inglês. E vá de arrotar. Ora em exclamações, ora citando meia página de Shakespeare, umas frases de Johnson, às vezes lavra própria, causando arrepios a quem sabe da poda e se pergunta se aquilo é sintoma de doença.

Porque doença é, e uma forma de pobreza. Nada mais deprimente do que ver alguém, julgando que bota figura no carnaval da intelectualidade, usar uma fantasia que lhe fica curta nas mangas.

Oiça, mesmo na forma simples e popular, a sua, a nossa língua-mãe é tão rica que lhe permite exprimir adequadamente, e até com elegância, os seus sentimentos, conviver, comunicar impressões, participar no trato social. Quer mais? Abra os ouvidos. Ainda há gente a falar um Português correcto. Quer apurar o vocabulário e o estilo? Tem aí Fernão Lopes, Vieira, Camões, Bocage, Fialho, Eça, Pessoa, tantos outros. Leia.

Mas por favor, caia em si, poupe-nos o espectáculo, não se envergonhe de quem é, de quem somos, da língua que nos deram."

J. Rentes de Carvalho

25.02.25

Ser poeta


a. almeida

Lá vai ele, poeta sem nome,
A semear palavras no chão,
Como quem planta e tem fome,
Mas nada colhe que dê pão.

Escreve e ninguém o escuta,
O mundo não o quer ouvir;
Tem o poeta uma dura luta,
Chorando, querendo sorrir.

Importa escrever de coração,
Avançar, nunca olhar para a ré;
Mais do que o ser por missão,
Ser-se poeta é um acto de fé.

Siga teimoso, rabisque a aurora,
Pinte do nada um novo horizonte;
Ser poeta é andar sem demora
A buscar sede onde nasce a fonte.

24.02.25

Apenas pelo ordenado mínimo?


a. almeida

Presumo que o cargo de presidente da Federação Portuguesa de Futebol venha acompanhado apenas do ordenado mínimo, porque, para esta boa gente do dirigismo, o leitmotiv da coisa é unicamente o serviço público, num altruísmo digno de nota. Surpreende, portanto, que, com tanto sacrifício, fiquem agarrados ao cargo até que os estatutos lhes impeçam qualquer recandidatura.

E gostam tanto de estar ao leme do dirigismo, com este espírito tão desprendido, que, mal deixam um poleiro, já saltam para outro. Veja-se o caso do Sr. Fernando Gomes, que, com imensa tristeza, abandona a presidência da FPF — o morto ainda está quente, e já se prepara para ocupar o nobre cargo de presidente do Comité Olímpico Português.

Enquanto isso, aqui na aldeia, o nosso Centro Social é gerido por uma Comissão Administrativa, sem direcção, porque ninguém quer assumir responsabilidades. Não souberam disto o Fernando Gomes nem o Pedro Proença, caso contrário, certamente se apresentariam às eleições, tal é o seu inabalável espírito de voluntariado e entrega ao serviço público.

Realmente, há coisas. Ou são mesmo uns tipos porreiros e desprendidos, ou então… não estou mesmo a ver o que os move. Haverá mais alguma coisita?

20.02.25

Conversa de caca


a. almeida

É mesmo uma conversa de caca, mas também é ciência, e para estas coisas a IA também pode dar um contributo. No caso do Chat GPT, à questão de que quantidade de fezes um homem produz em média ao longo da vida, a resposta não deixa de surpreender, pois realmente é muita bosta. Na mesma linha desta curiosidade biológica, calcula que de urina um homem produza 41 mil litros. 1/60 avos de uma piscina olímpica.

Para além de tudo, a IA parece divertir-se com, a coisa pois no remate juntou uns emojis a condizer.

Sempre a aprender!

conversa de caca.jpg

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