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Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

Diário de quem já não vai para novo

...e sem paciência para seguir o rebanho.

31.01.25

Moralismo canhoto


a. almeida

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Junte-se a questão e os contornos do despedimento das funcionárias mamãs, pelo Bloco de Esquerda, e aquele ar de moralista da sonsinha da Mortágua fica ainda mais  fofinho. Isto de se pretender ser moralista quando se tem telhados de vidro ou se prega como o frei Tomás, dá nisto. 

Lá se vai a reserva de moral do BE, que, recorde-se, já havia levado um rombo com o tal de Robles. Se alguém tinha dúvidas que isto de partidos e políticos é tudo farinha do mesmo saco, ficará mais esclarecido.

30.01.25

E porque não água e sabão macaco?


a. almeida

Como realmente já me falta a paciência para certos temas, a propósito de um certo produto em comercialização, dito de fragrância para a parte íntima da mulher,  pedi ao Deepseek para fazer um texto sobre a coisa. Poupa-me algumas calorias e sempre será mais fofinho e politicamente correcto do que na realidade eu teria escrito. Mas, foi mesmo soft, pois não fez qualquer referência ao cheiro a bacalhau de molho, tão característico do pipy, incluindo o da sua criadora. E logo vindo dos chineses, que metem a boca em tudo o que mexe mesmo que a cheirar a ovos podres.

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Brisa Íntima: O Perfume da Hipocrisia

No maravilhoso mundo do consumismo, onde cada insegurança é uma oportunidade de negócio, surge mais uma pérola do marketing: a fragrância íntima para mulheres. Sim, porque aparentemente, o corpo feminino não é apenas um templo, mas um campo de batalha contra odores que a natureza, em sua imensa sabedoria, decidiu criar. E como a indústria da beleza nunca perde a chance de transformar um detalhe biológico em um problema lucrativo, agora temos mais um frasco de insegurança engarrafada.

O discurso, claro, vem embalado em promessas sedutoras. "Sinta-se fresca o dia todo!" "Uma explosão de confiança!" "Diga adeus ao desconforto!" Tudo cuidadosamente elaborado para que a mulher, já bombardeada por padrões inalcançáveis, acredite que sua própria essência precisa ser mascarada por notas florais e toques de baunilha. Porque, afinal, o cheiro natural do corpo feminino não pode simplesmente... existir.

Curiosamente, ninguém sugere que os homens borrifem lavanda nos bolsos da cueca. Mas a mulher? Ah, ela precisa estar sempre pronta, sempre perfumada, sempre adaptada ao gosto alheio.

E assim, entre slogans açucarados e embalagens cor-de-rosa, vendem-se mais do que produtos: vendem-se medos, vendem-se inseguranças, vendem-se padrões irreais. Mas a verdadeira fragrância que paira no ar não é de rosas nem de jasmim — é o cheiro da velha e disfarçada misoginia.

29.01.25

Para a racionalidade fofinha, óleo de fígado de bacalhau


a. almeida

Confesso que me dá um quase gozo ver toda a nossa mais canhota política a estrebuchar com a recente cabazada da vitória de Donald Trump sobre a fofinha da Kamala Harris, que se juntou à corrida como plano B, a remediar os estragos que a natureza costuma fazer à maior parte de quem já vai de idade avançada. Para lá vamos!

A juntar a isso, estrebucha ainda a esquerda por todo o conjunto de medidas que já tomou e ameaça tomar o presidente, que é mais empresário e negociante que político ou diplomata. 
Este meu quase gozo não resulta de qualquer admiração pela figura em questão nem pelo acerto de algumas das medidas que despachou de rajada, porque ainda tenho como o mais razoável o equilíbrio das coisas e das forças que nos regem, seja no universo como na nossa casa, e, não fora isso, caía-nos o tecto em cima e os planetas começariam a chocar uns com os outros de forma desordenada, como as bolas no bilhar de snooker à primeira e forte tacada.

Não obstante, Trump, relembre-se, foi eleito pelas regras da democracia e este facto ainda mais faz estrebuchar a esquerda porque não tem como combater isso, a vontade soberana da maioria das criaturas de cada nação que se oriente por esse sistema. Pode lá ser? Bem que apetecia, à esquerda mais à esquerda, que para certas figuras fosse possível impor uma ditadura à medida, mas não. Deixem isso para os camaradas da China, Rússia, Venezuela, novamente na Bielorússia, etc. O PREC e o desejado encaminhamento para uma cubanização do nariz da Europa, já foi há 50 anos. Por ora é uma das premissas da democracia, dos direitos, liberdades e garantias,  a de se poder eleger qualquer tolo ou mentecapto para nos dirigir os destinos e fazer a governança da nação. Por cá, o nosso não é uma coisa nem outra, mas também, com o prazo a esgotar-se, já seria dispensável, ou, como nas supermercados, ir para uma banca com os preços mais em conta para se consumirem antes do prazo. Vale que as presidenciais já não estão longe, apenas a doze passos do tamanho de meses, sendo que dos candidatos a candidatos não se adivinha melhor colheita.

Para além de tudo, uma figura como Donald Trump acaba por ser necessária para, de algum modo, pôr ordem na casa, como quando os pais regressam e encontram a casa tomada de assalto, como um Cais do Sodré ou Bairro Alto, por farras, bebedeiras e orgias, com os filhos, amigos e desconhecidos, já com lixo por todo o lado, mobiliário partido e os quartos e sofás transformados em bordéis.

Claro que certas medidas chocam, face ao que tem sido o habitual, um país soft, como um qualquer Portugal, escancarado a hordas de imigrantes ilegais que diariamente chegam aos milhares. Que país, mesmo os Estados Unidos, pode lidar com uma tamanha realidade descontrolada de 11 milhões de imigrantes ilegais, entre muita e boa gente a desejar apenas trabalho e uma melhor vida para si e seus filhos, e outros que, mesmo em prisão de alta segurança são uma ameaça? A lei e a ordem são valores que ainda importam, parece-me.

Para além de outras alarvidades do mestre de cerimónias, como as questões da Groenlândia, o Canal do Panamá, etc,  e sobretudo quanto às guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, que ninguém sabe no que vai dar, mas para já há a esperança fundada de que um tolo possa lidar com outro. Parece que se entendem.

Em resumo, quando a racionalidade fofinha falha, como tem acontecido nos Estados Unidos, em Portugal e mesmo na Europa, a terapia tem de ser de choque. Como certos remédios - e lá me lembro do óleo de fígado de bacalhau -  custam a engolir, até fazemos cara feia, mas tem de ser e pode resolver. A ver vamos!

28.01.25

Um ano de diário e o autor ainda menos novo


a. almeida

Há precisamente um ano, criei este blog, sem grandes expectativas de continuidade. Não antevia publicações regulares, nem temas ou tópicos que atraíssem seguidores e visitantes constantes — pelo menos em número superior ao dos deputados do Bloco de Esquerda, do PCP ou do PAN na bancada da Assembleia da República. Afinal, falar sozinho ou para os muros, mesmo que por escrito, é coisa de fé, para maluquinhos ou para judeus.

Além disso, com comentários abertos e a presença de gente simpática, inteligente e compreensiva, respeitadora de opiniões divergentes, sabia que não faltariam os habituais trolls e anónimos, uns mais do que outros, com ou sem pretexto. E não me enganei. Mas, mesmo assim, aguenta-se, porque até no meio do estrume nascem flores.

Apesar de tudo isso e da pouca expectativa, mesmo sem o vento estar a favor — nunca esteve —, a coisa foi indo. E aqui chegamos. Vale o que vale, e, ao iniciar um segundo ano deste diário, continuo sem convicção de que ele vá durar.

Apesar da pouca fé, quero expressar um voto de agradecimento aos leitores mais habituais e a todos que deram atenção a um ou outro texto, e até o marcaram como favorito. Bem hajam!

27.01.25

Contas da vida


a. almeida

Ao humano, a cada um,
Interessa fazer as contas da vida,
O deve e o haver, o antes e o depois,
Saber que um, mais um,
Pode bem ser muito mais que dois.

Um, mais um, são dois, pois concerteza,
Nem preciso é contar usando os dedos,
Porque de tão simples é tal equação.
Mas tal conta, é soma de amor, de beleza,
Duas vidas juntas, a subtrair medos,
A somar sentimentos, a dividir emoção.

Mas não! Não se canse nem padeça,
Se de, tal modo, a conta não aconteça:
Quem não queira resolver tal equação
Terá sempre a vida difícil, se não má,
Sendo que, porém, o que não tem solução
Por natureza, dizem, solucionado está.

24.01.25

Uma Lisboa de fezes e urina


a. almeida

"Da RTP - Linha da Frente - Lisboa Infernal - Episódio 3 de 48 Duração: 30 min

São 10 da noite e Bairro Alto está transformado numa feira. Os bares concorrem entre si para ver quem vende mais álcool, desafiando os limites de quem passa. Em vez de copos, as bebidas são servidas em baldes.
Despedidas de solteiros, viagens de finalistas. Lisboa é a cidade onde se bebe até cair para lado. Em sentido contrário, algumas cidades europeias já adotaram medidas restritivas ao consumo de álcool em espaços públicos.
A zona de farra vai do Bairro Alto ao Cais do Sodré. Na famosa rua cor-de-rosa e nas imediações, a cada passo que se dá, o aliciamento para o consumo de droga é uma constante. O tráfico acontece às claras, para consumos dentro e fora das zonas de animação noturnas.
Droga, rixas, excesso de álcool, assaltos e até violações. Na noite de Lisboa, todos os dias acontecem crimes diários. Muitos não entram para as estatísticas.
O Linha da Frente testemunhou a insegurança e falta de policiamento, onde circulam milhares de turistas e ainda resistem alguns moradores.
"Lisboa Infernal" é uma investigação Linha da Frente da jornalista Sandra Vindeirinho, com imagem de Tiago M.P. Costa e edição de Carlos Felgueiras e Sousa."

Li e ouvi ontem. Não sou lisboeta nem tenho vontade de o ser, muito menos na condição de alguns, dos poucos que ainda moram naquelas zonas. Dizia uma corajosa moradora que aquilo era mais ou menos como "viver no Inferno".

Para além do que a RTP mostrou, e acredito que com alguns filtros, foi uma parte de Lisboa de "droga, rixas, excesso de álcool, assaltos e até violações", de vómitos, fezes e de urina. Mesmo que queira usar um substantivo fofinho para classificar esta parte de Lisboa, o que melhor me ocorre é "merda". Uma cidade de "merda".

Mas esta caótica ou entrópica situação nesta parte da capital, e haverá outras mesmo que fora dos holofotes, parece que não incomoda à Câmara, ao Governo ou mesmo às autoridades de Segurança. Não obstante, a polícia faz o que pode e não pode fazer muito porque se o faz em força para colocar a ordem e aplicar a lei,  "Ai Jesus e Deus nos acuda" e caem juntos  o Carmo e a Trindade. Logo nos dias seguintes convocam-se manifestaçãos canhotas a defender os direitos da estrumeira e dos frequentadores.

Assim, tudo é soft, diplomático, sem grande banzé, não vá a autoridade, a lei e a ordem enxotarem as moscas, nacionais e estrangeiras que gravitam ali naquele esterco cosmopolita.

Por enquanto, felizmente, vivo num cantinho sossegado, apesar de urbano, sem barulho pela madrugada fora, a não ser no dia de S. Julião, sem lixo, fezes e urina,  sem desordeiros a vomitarem à soleira da porta.

Melhor do que viver ali naquela pouco fresca folha da alface lisboeta, era viver numa pocilga. Podia não ser melhor o fedor nem a civilidade da clientela, mas certamente mais biológico, mais natura.

Bom fim de semana!

23.01.25

O Galamba tem andado aos galambuzinos


a. almeida

Miguel Pinheiro, hoje na Rádio Observador, na sua rubrica "O Bom, o Mau e o Vilão",  presenteou o ex-ministro "João Galamba" como o "vilão".
De facto, desde há meses, creio que do Verão passado, o homem tem-se escusado a prestar declarações na Comissão Parlamentar de Inquérito ao tema da ANA. Primeiro foi andando ocupado para justificar não responder presencialmente , depois que não queria aparecer em pessoa e respondia por escrito mas afinal, mesmo já tendo recebido as perguntinhas, ainda não respondeu. 
Nada de admirar. Surpreeendente é que, pelos vistos, dado que já não exerce qualquer cargo público, não é obrigado a comparecer nem a responder. Era o que faltava estar a dar conversa aos representantes do povo!
Como rematou o jornalista, face a essa indiferença, João Galamba nunca deveria ter ocupado um cargo público, nem mesmo como presidente de uma Junta quanto mais como Secretário de Estado ou Ministro. Sem bom senso, sem noção e sobretudo sem vergonha, como pode alguém pretender estar ao serviço público a este nível? Alguém deve explicar ao Galamba que ao direito que tem em não responder, também se impõe o dever face aos cargos que exerceu e à importância do que importa esclarecer.
Tem andando, pois, aos galambuzinos, acredito que por aí em qualquer tribuna a dar eco, a soltar bitaites com ares de gente fina e responsável, para, caso aos ventos políticos mudem, e mudam, voltar a ser chamado a jurar por sua honra que assumirá o compromissso de qualquer coisita e tal.

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