Não vou dar-me a esse trabalho, de contar quantos, mas presumo que vários blogues darão enfoque ao que foi o 25 de Novembro de 1975. Uns a exaltar outros a menorizar. Sei, sabemos, que passam neste dia 49 anos sobre o acontecimento e importa dar-lhe lugar e lembrança. Para o próximo ano serão 50 anos. Merecerá uma celebração maior.
Não sou historiador mas sei ler, escrever, presumo, estudar e interpretar, para além de já andar pelo mundo nesse tempo. Por conseguinte, do que sei, o 25 de Novembro de 1975 não substituí, de todo, a importância que teve o 25 de Abril de 1974, porque esta resultou na queda da ditadura e da conquista do direito à liberdade, mas tem a sua própria, que foi a da consolidação da democracia e dos propósitos do 25 de Abril. Como o têm dito vários historiadores menos dados a alinhamentos, uma data não substituí a outra mas antes complementam-se, porque sem a de Abril não existiria a de Novembro e sem esta a outra teria sido um acontecimento em vão, inútil.
Fora desta realidade, com mais ou menos curvas, grupos dos 8 ou dos 9, com ou sem Mários Soares, Eanes, Carluccis e outros jokers da esquerda à direita, o acontecimento de Novembro de 1975 tem sido esgrimido de forma indevida, onde alguns partidos tentam apropriar-se da sua génese e outros procuram ignorá-la, retirar-lhe toda a importância, porque, percebe-se, as suas consequências, a clarificação e o encarreiramento na democracia, foram contrárias aos seus propósitos de estabelecimento de uma outra ditadura, agora de esquerda. Por eles seríamos uma Cuba na ponta da Europa, sem tirar nem pôr, quiçá uma Coreia do Norte ocidental.
Por conseguinte, sem surpresa, o PCP, partido cujos deputados cabem num Mini, vai ficar de fora da sessão comemorativa na Assembleia da República e mesmo o Bloco terá apenas uma sombra solitária a marcar o ponto. Também de fora, essa coisa designada de Fundação 25 de Abril. Como diz o ditado, "fazem tanta falta como uma viola num enterro".
Em todo o caso, esta dicotomia em torno das duas datas e dos correspondentes acontecimentos, têm feito e continuarão a fazer parte da nossa História colectiva e mesmo do folclore político e ideológico.
25 de Abril, sempre! 25 de Novembro, for ever!