Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

Diário de quem já não vai para novo

...porque as palavras são a voz da alma.

31.10.24

Modernas inquisições


a. almeida

Essa queixa-crime contra dois deputados do Chega e um assessor que já reuniu mais de 100 mil assinaturas é uma palhaçada judicial de todo o tamanho, própria de quem não tem tradição democrática e procura, através do tribunal judicial, meter na prisão os adversários políticos, em lugar de os vencer no tribunal da opinião pública.
Tudo o que os deputados do Chega disseram (e o seu assessor também) é puro direito à liberdade de expressão, ampliado pela sua condição de deputados da Nação, e perfeitamente enquadrável na jurisprudência do TEDH sobre esta matéria.

[Pedro Arroja - Portugal Contemporâneo]

 

Palhaços e palhaçadas nunca hão-de faltar, sobretudo no nosso panorama político e politiqueiro. O difícil é escolher. E como de facto não somos todos criancinhas da pré-escola, não é preciso reunir um cento de mil assinaturas para achar tudo isto uma verdadeira palhaçada. Mas têm medo de quê esses subscritores? Que a democracia não funcione?  Vai daí, que a Justiça deva decidir o que não decide o povo nas urnas?

Por este andar, um dia destes juntar-se-ão mais 100 mil inquisitores a pedir para colocar na alçada da Justiça e na choldra todos os que tiverem a ousadia de votar no Chega. Já faltou mais! Terão prisões para tantos?

31.10.24

Vontade


a. almeida

Importa ao homem ter a vontade
E dela o despoletar do impulso
Gerador da ousadia, do esforço.
Desse frémito vigoroso se há-de,
Com a ajuda da corda e pulso,
Subir, saír, do fundo do poço.

A vontade toda em contraponto
Ao inútil, fútil, esmorecimento,
Como trovão a irromper nos céus,
Não é coisa vã, mero desconto,
Bem mais que isso: o puro alento
Dos meus olhos a procurar os teus.

30.10.24

Contentamento


a. almeida

IMG_20231119_161942.jpg

Contentamento é sair pela manhãzinha
Ainda com o sol, sonolento, a levantar,
Seguir o caminho que dará a algum lugar
E ver a sair do ninho a doce avezinha.

Contentamento é beber no puro regato
A frescura prateada da sede consolada,
Sentir no bosque a sombra esverdeada,
Até mesmo acariciar o tojo no mato.

Contentamento é entrar no velho moinho,
Já nú, vazio, despojado da alma sem dó,
A moer uma doce compaixão naquela mó.
Como um velho entre paredes, sozinho.

Contentamento é mergulhar na limpidez
Da água fresca da mina na velha represa,
Sentar na erva do chão como se fora mesa
E, em merenda, saciar o suor outra vez.

Contentamento é subir ao outeiro no Outono
E aos prenhes ouriços, abrir-lhes as entranhas,
Encher os bolsos fartos de doces castanhas
Porque dizem, se no caminho, não têm dono.

Contentamento, é afinal, ter tão pouco,
Bastando, não mais, que o poder sentir,
Que se tem tudo mas sem nada possuir,
Ser inocente, puro ou, porventura, louco.

29.10.24

Nem o diabo quererá escolher


a. almeida

Os Estados Unidos estão em eleições. Os americanos, seja lá o que isso for, daquela amálgama de raças, origens e culturas, pela 60.ª vez preparam-se para ir a votos e agora escolher entre Donald Trump e Kamala Harris, esta que entrou no comboio desgovernado e em andamento . Não estou sozinho no grupo que considera que a escolha é difícil, pela simples razão de que são ambos fraquinhos, ambos a roçarem os extremos.

Com esta dupla creio que até ao diabo será difícil escolher. Sem desprimor nem desrespeito, um qualquer Tiririca, um Coelho madeirense ou um Tino de Rans seria uma melhor opção para o american people. Mas como não, nem por lá saberão que existem, terão mesmo que escolher, como há dias respondia uma cidadã local à televisão, o menos mau, o mal menor. Ora isso não cheira nada bem, mas quando não há cão caça-se com crocodilo.

Não sou de apostas, mas estou tentado a apostar que vai ganhar quem tiver menos votos. Parece que por lá é possível.

28.10.24

LibreOffice Writer - Iniciar numeração de páginas que não na primeira


a. almeida

Fora do habitual registo dos artigos deste Diário, mas porque pode ser útil a alguém menos orientado na coisa, fica aqui uma instrução relacionada à utilização do editor de texto LibreOffice Writer.

Usando a excelente ferramenta LibreOffice Writer, alternativa gratuita ao MS Word, por vezes temos necessidade de iniciar a numeração a  xis páginas depois do início, sobretudo em trabalhos destinados a livros ou similares.

Ora este processo é um pouco diferente entre as duas referidas ferramentas. Assim, para o LibreOffice Writer, desejando, por exemplo, começar a numeração de páginas a partir da 4.ª. por isso com as anteriores sem qualquer numeração, deve-se avançar para a página anterior, no caso, na página 3, colocar o cursor ao fundo da respectiva página, aceder à aba Inserir e na lista aberta nesta seleccionar Quebra manual..... Depois, na caixa aberta, deve-se seleccionar a opção Quebra de pagina, na escolha do Estilo, activar a opção Índice, e activar igualmente a opção Alterar o número da página, indicando o número que se pretende iniciar, que no exemplo adoptado, será então a página 4.

Depois disto e de realizada a quebra de página, deve-se posicionar na página pretendida, no caso a 4.ª, e novamente aceder à aba Inserir e nesta escolher Cabeçalho/Rodapé, Rodapé e no Estilo escolher a opção Índice. Depois com o ponteiro já dentro do rodapé, aceder novamente à aba Inserir e nesta aceder à opção Campo e neste no Número de página.

Se tudo tiver sido bem feito, e grosso modo seguindo a ordem das imagens abaixo, a numeração terá começado pelo n.º 4.

Em resumo, deve-se quebrar a página sempre com o ponteiro colocado no final da anterior página relativamente qual se pretende iniciar a contagem. Já a inserção do rodapé e respectivo campo com o número de página deve ser feito na respectiva primeira página a ser numerada. Por conseguinte, todas as anteriores páginas à quebra ficam em branco, sem numeração, sendo que contabilizadas para o total.

img1.jpg

img2.jpg

img4.jpg

img3.jpg

28.10.24

O contágio da idiotice


a. almeida

O problema da idiotice é  ser contagiosa. Ora quando assim é, à idiotice dos líderes do Chega, num claro aproveitamento populista do caso de violência e bandidagem urbana, que dizem que em resposta à morte de um cidadão pela polícia (cujos contornos estão a ser investigados), não faltou quem entrasse a surfar a onda, incluindo o cómico Ricardo Araújo Pereira, RAP, cujas tiradas a propósito não ficam nada atrás do radicalismo do Ventura e companhia. “O Chega concluiu que Portugal precisa de mais mortes. Dizem que não é um partido democrático, mas querem muito levar as pessoas às urnas”, são algumas das pérolas debitadas pelo RAP, presumo que com muitos sorrisos e palmas.

Dizem que é humor e que a este tudo de releva, mas o RAP já nos habituou, ou a quem o venera, a ser engraçado sem graça, roçando grosseiramentem tantas vezes, o desrespeito e mesmo a ofensa.

Em todo o caso, vai indo e andando e não pagando imposto, os cómicos pela idiotice e os políticos e jornalistas pelos extremismos, isto vai sendo uma autêntica zona franca, onde tudo é à Lagardére.

É aproveitar! Não que a coisa corra riscos de acabar, bem pelo contrário, mas no respeito da moral da velha ordem de "É fartar, vilanagem!".

25.10.24

Plena dignidade


a. almeida

outono1.jpeg

Sou folha de Outono, amarelecida,
Quase, quase a soltar-se do galho
De onde brotou em certa Primavera;
Em breve não mais que folha caída
Num resumo de que já pouco valho
Na aceitação de quem já nada espera.

A vida é assim! Tem que ser assim!
Uma bússola fiel de pontos cardeais
A indicar caminho, do sul ao norte,
A certeza do princípio que tem fim,
Dos dias que diferentes são iguais,
A verdade de que se vive p´ra morte.

Mas não é esta uma triste sentença
Ou simples fatalidade pré concebida,
Antes um desígnio feito à humanidade;
Importa é manter a luz acesa, a crença,
De que vivemos inteiros a nossa vida
E que toda ela de plena dignidade.

Pág. 1/4