31.07.24
O directo não é gago
a. almeida
Já expressei por aqui a opinião sobre o espectáculo de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris. Porventura dissonante da larga maioria, mas é minha.
Soube-se agora que uma das cenas, com a "francesa" Lady Gaga", afinal foi exibida em deferido, por isso filmada num período anterior e dada a "comer" ao mundo televisivo como que em directo, a sair quentinha do forno. Houve quem o notasse e daí a polémica, mas no geral a maioria comeu sem espinhas.
Foi obviamente uma situação inédita, fraudulenta, enganosa e que para além das justificações da produção à posteriori, em nada atenuam uma realidade de que estas coisas são mesmo e apenas para a televisão, onde nem sempre o que parece é. Ora um dia destes seremos totalmente enganados, comidos de cebolada, e um espectáculo destes dado como directo não passará, afinal, de uma manta de retalhos, uma montagem cinematográfica, produzidos em diferentes tempos e lugares, retocados ao máximo. E mesmo assim não faltarão odes, adorações e venerações, porque por estes tempos é disto que os dependentes televisivos precisam para lhes dar pica.
Para além de tudo, no caso, os Jogos, mesmo que já há muito afastados dos seus valores e propósitos primordiais, e convertidos aos interesses da indústria televisiva e do entretenimento, não precisavam nada destas merdices. Bastaria o tradicional desfile à volta da pista e logo de seguida o principal, os atletas, as provas e as competições. Tudo o resto não faz falta à ementa. É mesmo acessório e como tal, dispensável.